Reciclagem de painel solar: desafios no mercado de energia

O crescente interesse por fontes sustentáveis de energia tem impulsionado a ampla adoção de painel solar como uma promissora fonte de energia renovável. Contudo, à medida que a indústria fotovoltaica expande sua influência, torna-se indiscutível considerar de maneira cuidadosa o descarte sustentável desses equipamentos. Este artigo explora os desafios e oportunidades relacionados ao descarte de painéis fotovoltaicos, ressaltando a importância de abordagens responsáveis na gestão dos resíduos gerados por essa tecnologia.

Composição e vida útil dos painéis solares. Como funciona?

Os painéis solares são compostos por vários materiais, sendo o silício o principal componente ativo na absorção da luz solar. Além disso, os painéis incluem vidro, alumínio e outros materiais que proporcionam resistência e durabilidade.

Esses equipamentos são projetados para ter uma vida útil prolongada, geralmente variando entre 25 a 30 anos. Durante esse período, eles desempenham um papel vital na geração de eletricidade limpa, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa. No entanto, ao final de sua vida útil, surge o desafio do descarte responsável para evitar impactos ambientais negativos.

Os desafios no descarte de painéis solares

Inseridos na categoria de resíduos eletrônicos, quando os painéis solares são descartados no solo, liberam substâncias tóxicas que impactam negativamente todo o ecossistema. É importante notar que as opções atuais no mercado de painéis solares experimentam uma redução de eficiência entre 6% a 10% após 10 anos de uso.

Ao atingir os 25 anos, esse declínio aumenta para 20%. No entanto, produtos de qualidade superior podem manter um desempenho consistente por 30 a 40 anos, embora sua eficácia seja comprometida após esse período.

Descarte de painéis solares: orientações sobre destino responsável

O descarte de painéis solares exige uma abordagem consciente e responsável para minimizar o impacto ambiental. Ao seguir essas orientações e procurar as opções disponíveis em sua região, é possível contribuir para a construção de um futuro mais sustentável, onde a energia solar não apenas é uma fonte limpa, mas também gerenciada de maneira responsável ao longo de sua vida útil.

  1. Centros de reciclagem especializados: muitas regiões têm centros de reciclagem especializados que aceitam painéis solares. Esses locais têm o conhecimento e as instalações necessárias para desmontar e reciclar os componentes de forma eficaz, minimizando o impacto ambiental.
  2. Programas de reciclagem de fabricantes: algumas empresas fabricantes de painéis solares implementam programas de reciclagem para os produtos que produzem. Verifique com o fabricante do seu painel solar para descobrir se eles oferecem programas de devolução ou reciclagem e como participar.
  3. Parcerias entre instaladores de painéis e centros de reciclagem: em alguns casos, instaladores de sistemas solares podem ter parcerias ou acordos com centros de reciclagem. 
  4. Programas de reciclagem de resíduos eletrônicos: muitas áreas têm programas de reciclagem de resíduos eletrônicos que aceitam painéis solares. Esses programas são geralmente gerenciados por autoridades locais ou organizações ambientais e oferecem locais específicos para o descarte adequado de equipamentos eletrônicos, incluindo painéis solares.
  5. Regulamentações locais: algumas jurisdições têm diretrizes específicas para a gestão desses produtos, incluindo pontos de coleta designados ou programas de reciclagem obrigatórios.
  6. Programas de devolução: alguns varejistas ou organizações podem aceitar produtos usados ​​para reciclagem ou descarte responsável.
  7. Agências ambientais locais: entre em contato com agências ambientais locais para obter informações sobre práticas de descarte de painéis solares em conformidade com as leis e regulamentações ambientais em vigor.

A reciclagem de painéis solares é essencial por várias razões, incluindo a redução da presença de alumínio, vidro e outros materiais valiosos nos aterros sanitários. Além disso, por meio da reciclagem, é possível fabricar novos painéis solares, utilizando matérias-primas reaproveitadas.

Inovações na reciclagem de painéis solares

Imagem: www.bbc.com/

Empresas e centros de pesquisa estão direcionando seus esforços para desenvolver tecnologias avançadas de reciclagem. Métodos inovadores visam a recuperação eficiente de materiais valiosos, como silício, vidro e metais preciosos presentes nos painéis solares.

Processos mais eficazes e sustentáveis estão sendo explorados para minimizar o desperdício e reduzir o impacto ambiental associado à reciclagem através de:

  • Recuperação de materiais de alto valor: o silício, por exemplo, é um componente essencial nos painéis solares, e os avanços tecnológicos estão permitindo sua extração e reutilização de maneira mais eficiente.
  • Processos sustentáveis e eficientes: novas técnicas, como a dissolução seletiva de componentes, estão sendo exploradas para separar eficientemente os materiais dos painéis solares, proporcionando uma abordagem mais ecológica para a reciclagem.
  • Integração de inteligência artificial e robótica: automação projetada para desmontar e separar precisamente os componentes dos painéis solares acelera a reciclagem e aprimora a recuperação de materiais valiosos.
  • Projetos colaborativos e parcerias setoriais: colaborações entre a indústria solar, institutos de pesquisa e organizações governamentais estão impulsionando a inovação e assegurando estratégias mais amplas para o descarte sustentável de painéis solares.

O Brasil frente ao descarte e reciclagem de painéis solares

No contexto brasileiro, a capacidade de produção de energia fotovoltaica centralizada atinge a marca de 37.293 MW, o que equivale a aproximadamente 16,5% da matriz energética do país. Segundo dados da COP28, a capacidade de energia renovável deve triplicar até 2030 para conter o aquecimento global em 1.5°C, com destaque para solar e eólica, representando 90% do aumento. 

A capacidade solar e eólica precisaria crescer significativamente, de 1.055 GW para 5.400 GW e de 899 GW para 3.500 GW, respectivamente. Isso requer um acréscimo anual de 1 TW de energia renovável até 2030, comparado aos 292 GW de 2022, sendo 551 GW de solar e 329 GW de eólica, resultando em um aumento significativo na participação dessa tecnologia na matriz energética.

No entanto, o verdadeiro potencial de expansão da energia solar encontra-se na geração própria. Atualmente, mais de 26.000 MW estão em operação nesse modelo, e estima-se que esse número possa atingir 40 GW até 2031, conforme informações fornecidas pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Conforme estabelecido pela Lei nº 12.305/2010, que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), juntamente com seu regulamento, o Decreto Nº 7.404/2010, a logística reversa é delineada como um instrumento de fomento ao desenvolvimento econômico e social. 

Ela se caracteriza por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a facilitar a coleta e a devolução de resíduos sólidos ao setor empresarial. O objetivo é possibilitar o reaproveitamento desses resíduos em seu ciclo produtivo original ou em outros ciclos, ou ainda, proporcionar uma destinação final ambientalmente adequada.

O Governo Federal formalizou, por meio do decreto 10.240/2020, a regulamentação do Acordo Setorial para a Logística Reversa de Eletroeletrônicos, abrangendo inclusive os painéis solares. Este documento estabelece metas a serem atingidas e explicita a responsabilidade dos fabricantes, distribuidores, importadores e varejistas nesse processo.

Se você gostou de saber mais sobre o mercado de energia solar no Brasil e quer ficar por dentro das tendências do setor, confira também o artigo sobre O impacto do Mercado Livre de Energia para integradores em 2024.

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